MARCADORES TUMORAIS
Marcador
tumoral é uma substância presente no tecido tumoral, no sangue ou em outros
fluidos biológicos, produzida primariamente por ele ou, secundariamente, em
resposta à presença do tumor.
Alguns
marcadores tumorais são a expressão de substâncias normalmente presentes em
tecidos embrionários mas ausentes no tecido adulto. Nos pacientes com alguns
tipos de câncer, estas proteínas reaparecem em circulação, demonstrando que
certos genes foram reativados como decorrência da transformação neoplásica das
células.
A
maioria dos marcadores tumorais disponíveis atualmente não possui graus de
especificidade e sensibilidade adequadas, limitando o processo diagnóstico e
terapêutico das neoplasias. Alguns, porém, possuem sensibilidade e
especificidade suficientes para que possam ser utilizados no acompanhamento
da evolução da doença no paciente previamente diagnosticado e submetido a
algum tipo de tratamento, possibilitando o diagnóstico precoce da recorrência.
Eles
podem ser: Enzimas ou isoenzimas, hormônios, antígenos oncofetais, antígenos
presentes na superfície da célula neoplásica, oncogens, os genes supressores e
os produtos protéicos dos oncogens.
Os marcadores tumorais são divididos em 5
categorias:
- Enzimas e proteínas
- Glicoproteínas
- Glicoproteínas mucinas
- Hormônios
- Moléculas do sistema imune
Os
marcadores tumorais podem ser utilizados com diversas finalidades, das quais se
destacam o estabelecimento do prognóstico de pacientes portadores de neoplasias,
a monitorização da eficiência da terapêutica e a detecção precoce de
recorrência.
Características
específicas da população na qual será aplicado e do próprio marcador podem
permitir ou inviabilizar sua utilização para um determinado fim. Como regra
geral, são as seguintes as potenciais aplicações clínicas dos marcadores
tumorais:
- Triagem populacional
- Diagnóstico diferencial em pacientes sintomáticos
- Estadiamento clínico
- Estimativa de volume da massa tumoral
- Indicação prognóstica da evolução da doença
- Avaliação da resposta terapêutica
- Detecção precoce da recorrência
- Localização de metástases
- Imunorradioterapia
MARCADOR
|
ORGÃO / TUMOR
|
TABELA / CÓDIGO
|
PSA – ANTIGENO PROSTATICO ESPECIFICO
|
PROSTATA
|
SUS /
020203010-5
|
CK BB CREATINOQUINASE BB
|
PROSTATA, PULMÃO, COLON, OVARIO
|
SUS / 020201032-5
|
DHL – DESIDROGENASE LÁCTICA
|
LEUCEMIA LINFOBLASTICA, FÍGADO
|
SUS / 020201036-8
|
ENOLASE NEURONIO ESPECÍFICA
|
SISTEMA NERVOSO, PELE, PULMÃO
|
CBHPM / 4030179-6
|
GAMA GT
|
FÍGADO
|
SUS / 020201046-5
|
FOSTATASE ÁCIDA PROSTATICA
|
PROSTATA
|
SUS / 020201044-9
|
FOSFATASE ALCALINA
|
OSSO (SARCOMA OSTEOGENICO), FÍGADO, LEUCEMIA
|
SUS / 020201042-2
|
ACTH, TSH
|
PULMÃO (PEQ CEL)
|
SUS / 020206008-0 E 020206025-0
|
ADH - VASOPRESSINA
|
PULMÃO, PANCREAS
|
CBHPM / 4031656-4
|
CALCITONINA
|
CARCINOMA MEDULAR DE TIREOIDE
|
SUS / 020206012-8
|
GONADOTROFINA CORIÔNICA
|
CELULAS GERMINATIVAS, CORIO CARCINOMA
|
SUS / 020205025-9
|
GH – HORMONIO DO CRESCIMENTO
|
HIPOFISE, RIM, PULMÃO
|
SUS / 020206022-5
|
PARATORMÔNIO
|
FIGADO, RIM, PULMÃO, MAMA
|
CBHPM / 4030546-5
|
PIV – PEPTIDEO INTESTINAL VASOATIVO
|
PANDREAS, PULMÃO (CA BRONCOGÊNICO)
|
EXCEPCIONAL
ALTO CUSTO
|
PROLACTINA
|
HIPOFISE, RIM, PULMÃO
|
SUS / 020206030-6
|
HPTH – PEPTIDEO PARATORMONIO-RELACIONADO
|
RIM
|
|
MSA – HORMONIO MELANOTROFICO
|
HIPOFISE
|
|
AMINAS NEUROGENICAS
|
NEUROBLASTOMA E FEOCROMOCITOMA
|
|
METABÓLITOS DA SEROTONINA
|
SINDROME CARCINÓIDE
|
SUS / 020206007-1
|
PROT BENCE JONES
|
MIELOMA MULTIPLO
|
CBHPM / 4031120-1
|
AMILASE
|
PANCREAS
|
SUS / 020201018-0
|
CA 125
|
OVARIO, COLORRETAL
|
SUS / 020203121-7
|
CEA
|
GASTROINTESTINAL, PANCREAS, PULMÃO, MAMA
|
SUS / 020203096-2
|
AFP
|
CARCINOMA HEPATOCELULAR, CELULAS GERMINATIVAS
|
SUS / 020203009-1
|
FOSFATASE ALCALINA PLACENTÁRIA
|
CELULAS GERMINATIVAS
|
|
TRANSFERASE TERMINAL
|
LEUCEMIA
|
|
CA 15.3
|
MAMA
|
CBHPM / 4031637-8
|
M 26
|
MAMA
|
CBHPM / 4031637-8
|
M 29
|
MAMA
|
CBHPM / 4031637-8
|
MCA –ANTIGENO MUCÍNICO CARCINOMA ASSOCIADO
|
MAMA
|
CBHPM / 4030751-4
|
BR 27
|
MAMA
|
|
CA 19.9
|
GASTROINTESTINAL
|
CBHPM / 4031637-8
|
CA 195
|
GASTROINTESTINAL
|
CBHPM / 4031637-8
|
CA 245
|
GASTROINTESTINAL
|
CBHPM / 4031637-8
|
TAG 72 – GLICOPROTEINA TUMOR ASSOCIADA CA 72.4
|
GASTROINTESTINAL, OVARIO
|
CBHPM / 4031637-8
|
CYFRA 21.1 – FRAGMENTOS SOLÚVEIS DE QUERATINA
|
PULMÃO (NÃO PEQ CEL)
|
CBHPM / 4031637-8
|
SCC – ANTIGENO DO CARCINOMA ESCAMO-CELULAR
|
CARCINOMA ESCAMO-CELULAR
|
|
MUTAÇÃO P23
|
MAMA
|
|
CA 27.29
|
MAMA
|
CBHPM / 4031637-8
|
CA 50
|
COLON, PULMÃO, MAMA, UTERO
|
CBHPM / 4031637-8
|
CA 242
|
PANCREAS
|
CBHPM / 4031637-8
|
CA 549
|
MAMA
|
CBHPM / 4031637-8
|
CATEPSINA D
|
MAMA
|
|
FERRITINA
|
DÇA HODGKIN, COLON, RETO, TESTICULO, PROSTATA, FIGADO, LEUCEMIA,
MIELOMA MULTIPLO
|
SUS / 020201038-4
|
CROMOGRANINA A
|
FEOCROMOCITOMA, PULMÃO (PEQ CEL)
|
EXCEPCIONAL, DE ALTO CUSTO
|
ANTIGENO PROSTATICO ESPECIFICO - PSA
O
PSA foi descrito em 1971 por Hara e col.1 sendo, posteriormente caracterizado
como uma proteína com 240 aminoácidos, com ação enzimática equivalente às
proteases e pertencendo à família das calicreínas.
Em 1979 foram descritos os primeiros testes imunoenzimáticos sensíveis para
quantificar o PSA com limite de detecção entre 0,1 e 0,2 ng/mL.
Inicialmente,
considerava-se que o PSA fosse específico de tecido prostático, mas, a partir
do emprego de metodologias mais sensíveis e da realização de estudos imunohistoquímicos,
ficou evidente a presença desta proteína em células de glândulas anais.
Posteriormente, vários autores descreveram a presença de PSA em outros tecidos,
tais como glândulas periuretrais, mamárias, salivares, pancreáticas e nos
demais líquidos corporais além do soro, como leite, líquido amniótico e urina.
O
PSA existe no soro de duas formas: livre e complexado. No indivíduo normal,
cerca de 85% a 90% do PSA total dosável estão complexados com proteínas
inibidoras de protease, principalmente alfa-1-antiquimiotripsina e, em menor
quantidade, com alfa-1-antitripsina. Os 10% a 15% restantes permanecem livres,
em circulação. Uma quantidade não mensurável pelos métodos habituais circula
complexado à alfa-2-macroglobulina.
Cerca
de 80% dos pacientes com câncer de próstata apresentam, quando do diagnóstico,
PSA sérico total acima de 4,0 ng/mL, considerado como valor de corte. Por outro
lado, cerca de 85% dos pacientes com hiperplasia benigna da próstata também
terão valores acima de 4,0 ng/mL. Estes dados evidenciam, claramente, que o
PSA total não possui acurácia diagnóstica suficiente para ser utilizado
isoladamente, fornecendo um valor preditivo positivo da ordem de 50%.
Em casos particulares, especialmente em pacientes portadores de hipertrofia
benigna, a prática de hipismo e o uso de bicicleta, mesmo ergométrica, têm sido
responsabilizados por elevações significativas de PSA, devendo ser respeitado
um intervalo de, pelo menos, duas semanas entre estas atividades e a coleta de
sangue para o exame.
Deve ser lembrado que de 65% a 75% dos homens com moderada elevação do PSA
total não desenvolverão a doença e que aproximadamente 15% dos pacientes com
câncer de próstata manterão níveis normais, independente da evolução fatal.
CREATINOQUINASE BB – CK BB
A
creatinoquinase (CK) é uma enzima que desempenha importante papel na geração de
energia para o metabolismo muscular. Está presente, predominantemente no tecido
muscular, mas é também encontrada no tecido cerebral.
A
CK apresenta-se como um dímero composto por qualquer combinação entre dois
monômeros M ou B. As combinações resultam nas isoenzimas BB, MB e MM. A CK dos
músculos esqueléticos é quase exclusivamente da fração MM (97-99%), sendo o
restante composto pela fração MB. A CK presente no miocárdio é basicamente
formada pela fração MM (75-80%), porém com maiores quantidades da fração MB
(15-20%). A CK cerebral é composta exclusivamente pela fração BB. No soro
normal, a CK total é representada principalmente pela fração MM.
A
CK-BB é encontrada frequentemente em pacientes com doença maligna,
especialmente câncer de próstata, carcinoma de células pequenas do pulmão, e
doenças malignas intestinais.
A
eletroforese de CK permite a separação das isoenzimas em três frações (MB, BB,
MM), permitindo a detecção de mudanças nos padrões característicos. A CK-MM é a
única isoenzima encontrada no soro normal, estando elevada nas lesões de
músculo esquelético, miocárdio e cerebral. A CK-MB pode estar presente em
concentrações baixas no soro normal estando elevado no infarto agudo do
miocárdio, distrofia muscular de Duchene, polimitose, mioglobinúria e
rabdomiolise. A CK-BB pode ser encontrada no soro de pacientes com carcinoma
prostático, outros carcinomas, lesão cerebral, choque, insuficiência renal
crônica, síndrome de Reye e hiperpirexia maligna.
DHL – DESIDROGENASE LACTICA
Em
1954 Hill & Levi demonstraram
elevação do nível sérico de DHL (Desidrogenase Láctica) em pacientes portadores
de câncer comparado a níveis séricos de pacientes com outras doenças
inflamatórias.
Da
mesma maneira Bierman & Levy em 1957 observaram aumento do nível sérico de
DHL em pacientes com linfomas e leucemias.
Sob
o ponto de vista bioquímico, a célula neoplásica apresenta uma elevada taxa de
glicólise comparada à célula sadia e a produção de lactato mesmo em presença de
oxigênio é uma característica.
A
enzima DHL cataliza o último passo da glicólise, onde o piruvato é reduzido a
lactato as expensas de elétrons originariamente doados pelo
3-fosfogliceraldeido. O equilíbrio geral desta reação química tende para a
direita, promovendo a formação de lactato. A enzima DHL se apresenta em pelo
menos 5 formas moleculares diferentes, ou isoenzimas, com capacidades diferentes
de promover a redução da concentração de piruvato.
Seu
nível sérico elevado encontrado em diversas situações neoplásicas
deve-se não só ao aumento de produção pela excessiva massa celular tumoral,
como também pela diminuição do clearence enzimático que decorre da disfunção da
medula óssea, fígado e sistema imune promovida pela doença neoplásica de base.
Nos
pacientes portadores de Linfoma não-Hodgkin, há uma estreita correlação entre
nível sérico de DHL e atividade da doença.
Nas
Leucemias Linfocíticas Agudas (LLA), níveis elevados da enzima puderam ser
relacionados a pior prognóstico.
0
nível sérico de DHL mostrou também ser de valor prognóstico, comparado a outras
características, em uma análise multifatorial, mostrando ser uma ferramenta
útil em identificar, entre os pacientes com LLA, básico, aqueles com maior
risco de recidiva.
Outro
grupo de tumores onde o papel da enzima DHL foi bastante estudado é o grupo dos
Neuroblastomas.
Desta
maneira, o nível sérico de DHL ao diagnóstico, por ser um método laboratorial simples,
embora não específico, e parece ser um bom marcador de atividade tumoral.
A
sistemática elevação de seus níveis por ocasião das recidivas, em pacientes com
doença controlada previamente, pode sugerir que a determinação seriada de seus
níveis seja de valor clínico para a identificação precoce de recidivas tumorais.
ENOLASE NEURONIO-ESPECÍFICA
A
enolase neurônio-específica (NSE - Neuron Especific Enolase) é uma enzima
glicolítica (2-fosfo-D-glicerato hidrolase) que existe na forma de diversas
isoenzimas diméricas: alfa-alfa, alfa-beta, beta-beta e gama-gama. As
isoenzimas gg e ag são também conhecidas como enolases neurônio-específica
(NSE) que são encontradas principalmente nos neurônios e nas células
neuroendócrinas.
Concentrações elevadas de NSE são detectadas em pacientes com carcinoma
medular de tireóide, tumores de células da ilhota pancreática, feocromocitoma,
neuroblastoma e carcinoma de pequenas células de pulmão (SCLC). É um
marcador diagnóstico de relativa especificidade (85%) para carcinoma de
pequenas células de pulmão. Pode ser usado para monitorar os efeitos da
terapia e indicar recidivas antes das evidências clínicas.
Serve
para monitoramento de progressão e tratamento de pacientes com carcinoma de
células pequenas pulmonares e outros tumores. A enolase é uma enzima que tem
como função catalisar a transformação de 2-fosfoglicerato em fosfoenolpiruvato.
GAMA GT
Enzima encontrada em vários tecidos: rins, cérebro,
pâncreas e fígado (quase a totalidade da gama GT corpórea está presente nos
hepatócitos). No fígado, esta enzima está localizada nos canalículos das
células hepáticas e particularmente nas células epiteliais dos ductos biliares.
A GAMA GT aparece elevada em quase todas as
desordens hepatobiliares, sendo um dos testes mais sensíveis no diagnóstico
destas condições
Devido aos efeitos do consumo de álcool nos níveis
de gama GT, se aceita este como um marcador sensível de alcoolismo crônico (embora
não seja um marcador específico), especialmente quando seus aumentos não
são acompanhados de aumentos similares de outras enzimas hepáticas. Portanto,
sua determinação parece mais efetiva no monitoramento do tratamento de
indivíduos já diagnosticados.
Valores aumentados: doenças hepáticas em geral
(hepatites agudas e crônicas, carcinomas, cirrose, colestase, metástases etc.),
pancreatites, infarto agudo do miocárdio, lupus eritematoso sistêmico,
obesidade patológica, hipertireoidismo, estados pós-operatórios, carcinoma de
próstata, uso de medicamentos hepatotóxicos ou capazes de ativar indução
enzimática (barbituratos, fenitoína, antidepressivos tricíclicos,
acetaminofen).
Valores de referência: Homens: 10,0 a 71,0 U/L, Mulheres:
8,0 a 42,0 U/L
FOSFATASE
ÁCIDA E FOSFATASE ÁCIDA PROSTÁTICA (PAP)
A fosfatase ácida, primeiro marcador utilizado em
câncer de próstata, tem utilidade limitada, pois mesmo após a remoção cirúrgica
da próstata, níveis séricos do marcador podem ser detectados, e uma série de
neoplasias, além de doenças renais, ósseas e esqueléticas, pode alterá-los. Valores
anormais da PAP e valores na metade superior da faixa normal sugerem
acometimento ósseo em mais de 80% dos casos; no entanto, níveis normais não
significam ausência de doença extra-prostática.
Os pacientes com carcinoma de próstata confinados
dentro da cápsula normalmente apresentam níveis normais da fosfatase ácida
sérica; já nos casos com metástases, mais da metade dos pacientes apresenta
níveis elevados. Níveis alterados podem ser observados em pacientes com
hipertrofia benigna de próstata, retenção urinária de monta e após manipulação
prostática.
ALFA – 1-
FETOPROTEINA
A
alfa-fetoproteína (AFP) é a principal glicoproteína plasmática precoce do feto
humano. É sintetizada pelo fígado fetal, seus níveis se elevam durante a 14a
semana de gestação, atingindo os índices normais do adulto em 6 a 10 meses após
o nascimento. Em adultos, está presente em níveis baixos em homens e em
mulheres não-grávidas saudáveis.
Em
pacientes com carcinomas hepatocelulares e tumores testiculares
(não-seminomas), encontram-se níveis elevados. Valores
elevados também podem ser encontrados em cerca de 20% dos carcinomas gástricos
e pancreáticos e em um pequeno percentual de carcinomas de pulmão e de cólon.
Nem sempre
as elevações de AFP estão associadas a malignidade. Os níveis podem estar
elevados em doenças inflamatórias do fígado, como hepatite viral, hepatite
crônica e cirrose hepática. Níveis altos de AFP também podem estar presentes em
doenças inflamatórias intestinais, como a doença de Crohn, e na colite
ulcerativa, que também produzem elevações de antígeno carcinoembrionário (CEA).
A maior indicação da determinação de AFP é o monitoramento do tratamento de
carcinomas hepatocelulares e de tumores testiculares (não-seminomas) e de suas
recidivas. Após o tratamento, os valores retornam ao normal dentro de 4 a 6
semanas. O aumento após esse período ou a permanência de valores elevados
indicam, respectivamente, recidiva e persistência da doença.
Os níveis
de AFP estão correlacionados ao tamanho do tumor. Nos tumores testiculares, é
utilizada em associação com a beta-gonadotrofina coriônica (bHCG), sendo
extremamente útil no diagnóstico diferencial. Os seminomas cursam com AFP
negativa e bHCG elevada; nos não-seminomas, ambas se elevam.
É inútil a sua utilização como rastreamento na população, por causa de
significativas elevações em diferentes patologias, benignas e malignas.
CEA
O CEA foi primeiro identificado em 1965 em extratos
de carcinoma de cólon humano e em células de cólon fetais. Ele existe em baixos
níveis na mucosa do cólon normal, pulmão e tecido da mama, e é achado no soro
associado com várias malignidades. É usado especialmente no monitoramento de
tumores gastrointestinais, particularmente no câncer de colorretal. Cerca
de 63% de pacientes com câncer de colorretal têm elevações de CEA. Quando
presente, o CEA se correlaciona histologicamente e com a fase do tumor. Níveis
pré-operatórios muito altos são prognósticos de altas taxas de retorno e baixas
taxas de sobrevivência. Se o tumor secreta CEA, este pode ser usado para
monitorar a eficácia da remoção cirúrgica do tumor, bem como para monitorar a
recidiva da doença.
Sua avaliação não é recomendada para screening por causa da incidência de
elevação de CEA em outras doenças inflamatórias.
ANTIGENO CARCINOEMBRIONARIO
O antígeno carcinoembrionário (CEA) é normalmente
sintetizado e secretado pelas células que revestem o trato gastrointestinal do
feto e em pequenas quantidades no adulto. Em situações normais, é eliminado
pelo intestino. Em desordens benignas e malignas do trato gastrointestinal,
pode ser detectado no sangue circulante.
Não é um antígeno órgão-especifico. A detecção no
soro associa-se a várias malignidades como as de estômago, pâncreas,
gastrointestinais, mama, pulmão e ovário.
O antígeno carcinoembrionário está presente em
doenças benignas como hepatopatias, pancreatites, enfisema pulmonar, doenças
benignas da mama, colite ulcerativa, doença de Crohn e pólipo retal. Níveis
mais elevados são encontrados em tabagistas.
O CEA é usado na monitoração de tumores
gastrointestinais, particularmente no câncer colorretal. Segundo o The National Cancer Institute, o CEA é o
melhor método não-invasivo para acompanhamento
do câncer colorretal.
Níveis pré-operatórios muito altos são prognósticos
de altas taxas de recidiva e de baixas taxas de sobrevida. O CEA pode ser
usado para monitorar a eficácia do tratamento, a recidiva da doença local ou
metastática. Elevações dos níveis de CEA são maiores nas metástases e
menores na recidiva local. Os níveis mais altos são encontrados nas metástases
ósseas e hepáticas.
No curso de quimioterapia ou de radioterapia, os
níveis séricos podem elevar-se temporariamente. Sua avaliação pós-operatória
deve ocorrer em torno da 4a semana.
Sua avaliação não é recomendada como screening,
devido à incidência de elevação de CEA em outras patologias.
Cerca de 63% dos pacientes com câncer colorretal têm
elevações de CEA. As alterações se correlacionam ao estagiamento do tumor.
Apresenta-se alterado em 20% dos pacientes em Duke A, 58% em Duke B e 68% dos
casos em Duke C.
A avaliação bimensal é recomendada durante os
primeiros 2 anos após a cirurgia; nos anos subseqüentes, as avaliações podem
ser mais espaçadas, até completar 5 anos.
Em outros tipos de câncer em que o CEA é detectado,
os níveis no pós-operatório podem ser úteis no acompanhamento da terapia e na
identificação do aparecimento da doença metastática, especialmente nos
carcinomas de mama associados com CA 15-3 e os de pâncreas associados ao CA
19-9.
GONADOTROFICA
CORIÔNICA
O HCG é secretado através do sinciciotrofoblasto
placentário. A cadeia alfa dessa molécula compartilha seqüência homóloga com
hormônio luteinizinante (LH), mas a cadeia beta é única. O beta-HCG é
normalmente encontrado no soro e na urina durante a gravidez. Porém, pode
também estar presente em 10% dos pacientes com doença inflamatória intestinal
benigna, úlcera duodenal e cirrose hepática.
Além disso, o beta-HCG é achado em quase 100% dos
pacientes com tumores trofoblásticos e em 10% a 40% de tumores de células
não-germinativas, como carcinoma do pulmão, mama, trato GI e ovário. Em pacien-tes com tumores trofoblásticos
(células germinativas) comoseminomas, teratomas e coriocarcinomas, o beta-HCG é
muito útil diagnosticando, monitorando terapia, prevendo o aparecimento de
metástases e predizendo o fracasso de tratamento ou recidivas da doença.
Quando avaliado em combinação com AFP, torna-se
particularmente útil na detecção dos seminonas.
O câncer testicular apresenta um pico de incidência
em homens entre 30 e 40 anos, sendo 10 vezes mais freqüente em pacientes com
história de criptorquidismo. Pode ser observada apenas a presença de nódulo
indolor, ou ainda de dor, disúria, perda de peso, feminilização, ginecomastia e
diminuição da libido.
Mais de 95% dos tumores testiculares se originam
nas células germinativas dos túbulos seminíferos. Geralmente são malignos. Os
tumores de células germinativas podem ser divididos em seminomas e
não-seminomas. Os não-seminomas mais comuns são os tumores de células
embrionárias, o teratoma e o coriocarcinoma. A presença de alfafetoproteína
(AFP) elevada indica a presença de um não-seminoma, já que os seminomas não a
secretam.
Apenas 7 a 16% dos seminomas secretam HCG total, e
cerca de 20 a 50% secreta também suas frações livres. Por isso, como já citado,
a utilização de métodos capazes de detectar o HCG total e suas frações aumenta
a possibilidade diagnóstica. A realização do exame histológico do material
de punção testicular é fundamental para diferenciar seminomas de não-seminomas.
Na gravidez normal, a secreção de HCG é detectável
entre 7 a 10 dias após a fertilização e se eleva, alcançando níveis máximos com
8 a 10 semanas de gestação. Após a 12a semana, seus níveis começam a diminuir,
até alcançarem um platô.
Níveis menores do que 5 mUI/mL podem ser
encontrados em mulheres não-grávidas, enquanto níveis superiores a 25 mUI/mL
são interpretados como positivos. Os valores intermediários entre 5 e 25 mUI/mL
são considerados inconclusivos e devem ser confirmados após 2 a 3 dias, pois,
em caso de existir a gravidez, os valores duplicam a cada 24 horas. Gestações
múltiplas cursam com níveis mais elevados do que a gestação normal.
TPA
O TPA é achado no soro de pacientes com carcinoma
de células escamosas de cabeça e pescoço, pulmão e bexiga, mas também é
encontrado em condições benignas, processos cicatriciais, gravidez e doenças
inflamatórias. Além disso, o TPA pode ser achado em 20% das doenças benignas da
mama, sendo por isso não-específico para o diagnóstico ou a monitoração de
câncer.
SCC
O SCC-A, subfração do antígeno tumoral TA-4, está elevado nos carcinomas de
células escamosas do útero, endométrio e em outros carcinomas da área
genital. TA-4 e SCC-A também estão presentes em níveis altos em tumores de
células escamosas de cabeça e pescoço, pulmão e cérvix. O SCC-A é útil na
monitorização da terapia nesses tumores, mas não para o diagnóstico.
CA 15.3
O CA 15-3 é expresso durante diferenciação mamária
e é encontrado em células mamárias lactentes, epitélio pulmonar, carcinoma de
mama, ovário, pâncreas, estômago e fígado. Podem ser encontrados níveis baixos
de CA 15-3 em condições não-malignas como hepatites crônicas, cirrose, sarcoidose,
tuberculose e lúpus eritematoso sistêmico. São detectados níveis elevados de
CA 15-3 em carcinomas de mama, ovário, pâncreas, estômago e fígado.
Sua utilização está indicada no acompanhamento do
câncer de mama, especialmente no rastreamento da presença de metástases ósseas. Seus níveis diminuem em resposta a quimioterapia.
Medidas consecutivas do CA 15-3 têm predito recaídas de câncer de mama antes da
demonstração pelo exame clínico.
O antígeno CA 15-3 é uma glicoproteína presente no
epitélio mamário, detectada em análises imunoenzimáticas utilizando-se
anticorpos monoclonais específicos.
Elevações das concentrações séricas do CA 15-3
podem ser encontradas em torno de 23% dos pacientes com câncer primário de mama
e em cerca de 40 a 50% dos pacientes com metástases. Apenas 23% dos pacientes
com doença precoce apresentam elevação da concentração do CA 15-3, e cerca de
16% dos pacientes com doença benigna de mama apresentam valores alterados.
Os valores do CA 15-3 se correlacionam com a
extensão e o estágio da lesão. Entretanto, na prática, essa correlação é mais
bem observada na progressão do que na regressão. São encontrados percentuais de
positividade com valores acima de 25 U/mL em 5% dos pacientes no estágio I, 29%
no estágio II, 32% no estágio III e 95% no estágio IV.
As pacientes que desenvolvem doença metastática têm
elevação de CA 15-3, que pode preceder de 2 a 9 meses os sinais clínicos. As
probabilidades de progressão são respectivamente 52%, 85% e 96% para 1, 3 e 6
meses após um teste positivo. A probabilidade de não-progressão após um teste
negativo é de 91%. O CA 15-3 é mais sensível do que o CEA para monitoração de
recidiva, e os dois marcadores devem ser utilizados em conjunto.
Um aumento de 25% nos níveis séricos do CA 15-3
indica progressão do carcinoma em 95% dos pacientes. Uma diminuição de 25% dos
níveis séricos do CA 15-3 está associada a resposta à terapia. Variações
menores do que 25% são, freqüentemente, associadas a doença estável. Uma
elevação nos níveis de CA 15-3 pode acontecer nas primeiras semanas de
tratamento e não deve ser confundida com falha terapêutica.
Valores de CA 15-3 elevados correlacionam-se à
presença de metástase óssea, mas valores normais não excluem a possibilidade de
sua existência. Utilizando-se como limite (cut-off) 26 U/mL, o CA 15-3 prediz
recidivas em menor período de tempo do que os métodos radiológicos e os
critérios clínicos.
Como a maioria dos marcadores tumorais disponíveis,
o CA 15-3 não pode ser utilizado como teste de rastreamento na população em
geral. Pode estar presente em
outras patologias malignas de pâncreas, pulmão, ovário e fígado. Valores
alterados podem ser encontrados em uma pequena parcela da população hígida (2 a
5%), geralmente em concentrações baixas, bem próximas aos valores superiores de
referência. Pacientes com condições benignas como hepatites crônicas, cirrose
hepática, sarcoidose, tuberculose e lúpus eritematoso sistêmico podem
apresentar concentrações séricas acima de 40 U/mL.
CA 125
O CA 125 é uma glicoproteína de alto peso molecular
(>200 kD), de papel fisiológico ainda desconhecido, presente em diferentes
condições benignas e malignas, sendo útil especialmente no acompanhamento
dos carcinomas ovarianos.
A concentração sérica do CA 125 é superior a 35
U/mL em aproximadamente 80% das mulheres com carcinoma do ovário, 26% das
mulheres com tumores benignos de ovário e em 66% de pacientes em condições
não-neoplásicas, inclusive o primeiro trimestre da gravidez, fase folicular do
ciclo menstrual, endometrioses, miomas uterinos, salpingites agudas,
tuberculose pélvico-peritoneal, cirrose hepática, pancreatites e inflamações do
peritônio, do pericárdio e da pleura.
Outros carcinomas não-ovarianos podem elevar os
níveis de CA 125 como os de endométrio, pâncreas, pulmão, mama e
gastrointestinais.
Somente cerca de 3% das mulheres saudáveis têm concentração sérica de CA 125
acima de 35 U/mL, e apenas 0,8%, acima de 65 U/mL.
Os níveis séricos se correlacionam com o tamanho e o estadiamento do tumor.
Em pacientes com carcinoma limitado ao ovário (estágio I), apenas 50%
apresentam-se positivas. Já 90% dos pacientes com carcinoma de ovário
disseminado (estágios II, III e IV) apresentam concentrações séricas acima de
35 U/mL.
A combinação da avaliação do CA 125 com o exame
pélvico e a avaliação por ultra-som transvaginal aumenta a sensibilidade e a
especificidade do exame como teste de triagem para o câncer ovariano.
É útil também no diagnóstico diferencial de massas ovarianas palpáveis.
Quanto mais altos os níveis de CA 125, maior a probabilidade de sua associação
ao câncer ginecológico.
O CA 125 é usado no acompanhamento dos carcinomas
ovarianos na avaliação de lesões residuais, monitoramento de recidivas e
resposta à terapia. Na avaliação do
aparecimento de metástases, tem a capacidade de detectar 75% dos casos. É útil
também como marcador prognóstico. Um resultado negativo não exclui a presença
da doença.
Os valores diminuem em torno de 3 semanas após a
conduta terapêutica. Os níveis de CA 125 após a primeira etapa de quimioterapia
ajudam a formulação do prognóstico. Pacientes com diminuição acima de 50% nas
concentrações de CA 125 têm sobrevida de cerca de 2 anos em 45% dos casos,
comparada com a previsão de 22% nos pacientes que apresentam diminuição do CA
125 inferior a 50%. Elevações acima de 60 U/mL, após o primeiro ciclo de
quimioterapia, sugerem reincidência do tumor.
CALCITONINA
A calcitonina é um hormônio produzido pelas células
C da tireóide e desempenha um papel na regulação do cálcio. A calcitonina está
presente em altas concentrações na gravidez e em várias doenças benignas, como
hipertireoidismo, doença de Paget e anemia perniciosa. Além disso, a
calcitonina está elevada em neoplasias malignas específicas como câncer de
mama, hepatoma, hipernefroma e câncer do pulmão, mas está notavelmente elevada
no carcinoma medular da tireóide (CMT). Como um marcador tumoral para CMT,
o nível de calcitonina se correlaciona com a gravidade da doença e é útil para
monitorar a terapia, além de poder ser usado como triagem nas famílias com
transmissão autossômica dominante de CMT.
ACIDO
VANIL-MANDELICO
O ácido vanil mandélico (VMA) e o ácido
homovanílico (HVA) são encontrados na urina nos casos de feocromocitoma e
neuroblastoma. Os níveis pré-tratamento se correlacionam com a fase da
doença, e as determinações consecutivas são úteis para o monitoramento da
terapia.
PARATORMONIO
O PTH-RP (paratormônio, proteína relacionada) é
secretado principalmente por tumores que cursam com hipercalcemias malignas,
como carcinoma epidermóide de pulmão, carcinoma de mama e do córtex renal e
outros tumores epiteliais.
MOLECULAS
DO SISTEMA IMUNE
As imunoglobulinas monoclonais (proteínas M) foram
os primeiros marcadores tumorais conhecidos. Elas são reconhecidas pela
eletroforese de proteína do soro ou da urina e caracterizadas por imunofixação
no soro ou na urina como imunoglobulina (IgG , IgA, IgM, IgD, IgE, ou cadeias
leves livres k (kappa) ou l (lambda). As proteínas M estão presentes em quase
1% dos adultos, mas cerca de 25% dessas proteínas tem significado indeterminado.
Cerca de 50% dessas proteínas M identificadas indica o diagnóstico de mieloma
múltiplo. Aproximadamente 4% dos pacientes com imunoglobulinas monoclonais
têm macroglobulinemia de Waldenström, doença maligna de linfócitos B que
secretam grandes quantidades de IgM. Quase 15% dos pacientes com proteínas M
têm doença maligna linfoproliferativa de células B, como leucemia linfocítica
crônica ou linfoma.
A beta 2-microglobulina fica situada na superfície da membrana de quase todas
as células nucleadas e é liberada na circulação durante turnover da membrana. A
B2-M ajuda a predizer os fracassos de tratamento em pacientes com linfoma e
mieloma múltiplo, guardando relação com o tamanho do tumor, e tem valor
prognóstico.
ONCOGENES E PRODUTOS DE GENES COMO MARCADORES
TUMORAIS
A próxima geração de marcadores tumorais descoberta
deverá incluir a descoberta de mutações em oncogenes, quantificações de
proteínas codificadas através desses oncogenes, ou talvez auto-anticorpos
produzidos pelas oncoproteínas na translocação cromossomial, algumas das quais
podem ser descobertas através de técnicas de citogenética e também através de
estudos usando hibridização com sondas radioativas, inclusive bcr/abl na
leucemia mielogênica crônica, bcl-2 em linfomas foliculares e myc em linfomas e
outras leucemias
Genes supressores do tumor (TSGs) regulam o crescimento das células,
parando sua proliferação. Mutações em TSGs conhecidas envolvidas com neoplasias
incluem inativação do gene de Rb encontrado no retinoblastoma familiar, gene de
APC em polipose familiar do cólon, WT-1 no tumor de Willms e p53 encontrado em
uma grande variedade de tumores (epiteliais, leucemia, linfoma, sarcoma e
neurogênicos). Um ensaio imunofluorimétrico para quantificação da proteína p53
tem demonstrado sua presença no câncer ovariano e no câncer de mama.
VASOPRESSINA
A vasopressina, também conhecida como arginina vasopressina (AVP) ou argipressina ou hormônio
antidiurético (HAD, em inglês ADH, antidiuretic hormone), é um hormônio
humano secretado em casos de desidratação e queda da pressão arterial; fazendo
com que os rins
conservem a água no corpo, concentrando e reduzindo o volume da urina. Este hormônio é
chamado de vasopressina, pois aumenta a pressão sanguínea ao induzir uma vasoconstrição moderada sobre as arteríolas do corpo. O ADH atua no néfron,
favorecendo a abertura dos canais de água (aquaporinas)
nas células do túbulo de conexão e túbulo coletor.
Essas situações são
caracterizadas por retenção excessiva de água e desenvolvimento de hiposmolaridade
e hiponatremia.
As causas de excesso de produção/efeito do ADH são:
- Síndrome de secreção
inapropriada de hormônio antidiurético (SIHAD ou síndrome de
Schwartz-Bartter): É caracterizada por excesso de produção do ADH mesmo
quando não há queda da pressão arterial ou desidratação (por isso chamada
secreção inapropriada), geralmente causada por desordens do sistema
nervoso central, neoplasias, doenças pulmonares, HIV e medicações.
- Situações que causam queda da pressão, redução
da volemia ou desidratação, promovem aumento da secreção de ADH, podendo
resultar em hiponatremia. Nesses casos a secreção está apropriada porém
com efeito prolongado e excessivo do ADH. Exemplos: hipovolemia,
cirurgias extensas, insuficiências adrenal, cardíaca, hepática, hipotireoidismo, uso de diuréticos
e sensibilidade excessiva ao ADH.
GH –
HORMONIO DO CRESCIMENTO
AMINAS NEUROGENICAS
O carcinóide é um tumor,
em geral formado no trato gastrointestinal, que segrega quantidades excessivas
de vários tipos de neuropeptideos e aminas, com efeitos semelhantes aos hormonios.
Os tumores carcinóides produzem um excesso de
neuropeptideos e aminas como bradicinina, serotonina, histamina e
prostaglandina. Em geral, estas substâncias controlam as funções internas do
corpo; contudo, em quantidades superiores ao normal provocam os sintomas da
síndrome carcinóide.
Os tumores carcinóides originam-se nas células
produtoras de hormonios que revestem o intestino delgado (células entero-endócrinas)
ou em outras células do trato gastrointestinal, do pâncreas, dos testículos,
dos ovários ou dos pulmões. Desconhece-se a causa da formação destes tumores.
PROTEINA DE
BENCE JONES
A proteína de Bence Jones (PBJ) é formada por
dímeros de cadeias leves (kappa e lambda) de imunoglobulinas monoclonais
encontradas na urina. A presença ou a ausência da proteína de Bence Jones na
urina depende da taxa e da quantidade de síntese de cadeias leves e do estado
renal do paciente.
É encontrada em 60 a 70% de pacientes com mieloma
múltiplo, macroglobulinemia de Waldenstrom (30%), em 20% de doenças
linfoproliferativas e também em aproximadamente 10% das gamopatias monoclonais
benignas. Pode estar presente também na amiloidose sistêmica.
Aproximadamente 20% dos mielomas múltiplos secretam
apenas cadeias leves livres (proteína de Bence Jones), e cerca de 50% dos
pacientes com mieloma tem imunoglobulinas monoclonais no soro e cadeias leves
livres na urina. A monitorização da PBJ é útil na avaliação de recidivas da
doença, na transição para uma forma mais agressiva e na resposta à terapia.
A presença e a quantidade de PBJ influenciam no prognóstico.
Os critérios do National Cancer Institute para
avaliação de mielomas apontam como resposta objetiva uma diminuição de 50% da
concentração de imunoglobulinas monoclonais no soro ou da excreção de cadeias
leves na urina de 24 horas. The Southwest Oncology Group define como resposta
objetiva a diminuição de 75% de imunoglobulinas monoclonais no soro (para
níveis menores que 25 g/L) e diminuição de 90% de cadeias leves monoclonais na
urina. As respostas devem se manter pelo menos por 4 semanas e devem ser
acompanhadas por dosagens normais de cálcio sérico, valores de albumina sérica
equivalentes a 30 g/L e nenhuma progressão de doença óssea. Pacientes com
diminuição de 50% a 74% da produção de imunoglobulinas monoclonais têm bom
prognóstico.
A proteinúria de Bence Jones tem efeito
nefrotóxico. Assim, sua presença aumenta o risco de insuficiência renal.
Pacientes com mieloma que secretam só proteína de Bence Jones têm prognóstico
pior. Mieloma de cadeias lambda têm prognóstico pior do que os de cadeias
kappa.
FOSFATASE
ALCALINA PLACENTARIA OU TERMO ESTAVEL
A fosfatase alcalina
placentária (PLAP) ocorre só em primatas superiores e tem alto grau de
polimorfismo genético. É um dímero de subunidades de 65 kD, sintetizada na fase
G1 do ciclo celular e é expressada em células germinativas primordiais e em
sinciciotrofoblasto. A enzima é responsável pela hiperfosfatemia observada
durante a gravidez.
PLAP pode ser separada
bioquimica-, imunologica- e eletroforeticamente em 3 subtipos distintos. A
isoenzima fase 1 corresponde à produzida por trofoblastos entre a 6ª e a 8ª semanas.
A segunda é uma mistura de isoenzimas placentárias precoces e a termo. A fase 3
corresponde a isoenzimas produzidas desde a 13ª semana até o termo.
Níveis séricos elevados
de PLAP foram encontrados em 25% dos pacientes com seminoma. Diversas isoenzimas e
variedades específicas, nomeadas a partir dos pacientes em que foram
identificadas, foram encontradas em vários outros tumores de diversas origens.
Historicamente, PLAP tem
sido considerada o marcador de escolha para tumores de células germinativas,
particularmente germinomas e seminomas. PLAP ligada a membranas tem sido documentada
imunohistoquimicamente também em carcinoma embrionário, gonadoblastoma, tumor
do seio endodérmico e coriocarcinoma, bem como em metástases de seminoma.
Porém, PLAP apresenta
vários problemas técnicos, incluindo baixa especificidade, baixa sensibilidade,
freqüente marcação inespecífica de fundo e pode levar a dificuldades de
interpretação, especialmente em espécimes pequenos ou previamente congelados.
TRANSFERASE TERMINAL - TDT
A deoxinucleotidil-transferase terminal (TdT) é uma
enzima de replicação (DNA polimerase) que se liga a desoxinucleotídeos na
terminação 3’ do DNA e atua no rearranjo dos genes que codificam as
imunoglobulinas e os receptores de células T. Está presente nos estágios
iniciais da diferenciação celular, participando na determinação da diversidade
antigênica dos receptores de células precursoras T e B por ocasião da
recombinação somática.
Está nas células imaturas de neoplasias T, B e na crise blástica linfóide da leucemia
mielóide crônica. Nas leucemias mielóides de crianças, a co-expressão de
CD2 e TdT, em metade dos casos, está associada à falência na indução da
quimioterapia. De forma genérica, todas as células B e T dos linfomas
não-Hodgkin com morfologia linfoblástica são TdT positivas e usadas como
marcador de diferenciação celular. TdT tem localização intranuclear, podendo
ser identificada por outras técnicas, como imunofluorescência e
imuno-histoquímica.
CYFRA 21.1
Cyfra 21.1 O Cyfra 21.1 é um antígeno formado por
um fragmento da citoqueratina 19 encontrado no soro. Na população, o nível de
Cyfra 21.1 geralmente é inferior a 3,3ng/mL, por isso seu valor de referência é
3,5ng/mL3,10.
Este marcador tem alta sensibilidade para carcinoma
de células escamosas (entre 38% e
79%, de acordo com o estádio), e é um fator de prognóstico ruim no carcinoma de
células escamosas do pulmão. Encontra-se elevado também em carcinoma pulmonar
de pequenas células, câncer de bexiga, de cérvice e de cabeça e pescoço.
Aumenta inespecificamente em algumas patologias benignas pulmonares,
gastrintestinais, ginecológicas, urológicas e de mama, podendo gerar falso-positivos.
CA 72.4
O CA 72.4 é também denominado TAG-72. Este marcador
tumoral tem elevada especificidade para tumores, mas sem sensibilidade de
órgão. No momento do diagnóstico, cada órgão possui uma respectiva porcentagem
de sensibilidade, sendo: 55% para câncer de cólon, 50% para câncer de estômago,
45% para pâncreas e trato biliar e 63% para carcinoma mucinoso de ovário.
O valor de referência para o CA 72.4 é 6U/mL. Em
doenças benignas, surge em menos de 10% e em menos de 30% de outras neoplasias
metastáticas que não digestivas ou ovarianas.
Este marcador tumoral é utilizado no controle de remissão
e recidiva de carcinomas de trato gastrintestinal (gástrico, cólon, pâncreas e
trato biliar).
CA 15.3
CA 15.3 O antígeno do câncer 15.3 é uma
glicoproteína de 300-400Kd produzida pelas células epiteliais glandulares.
Seu valor normal de referência é 25U/mL. Apenas
1,3% da população sadia tem CA 15.3 elevado.
O CA 15.3 é o marcador tumoral, por excelência, do
câncer de mama, pois é o mais sensível e específico, sendo superior ao CEA.
Estudos indicam que a elevação do CA 15.3 varia de
acordo com o estadiamento da paciente, sendo de 5% a 30% no estádio I, 15% a
50% no estádio II, 60% a 70% no estádio III, e de 65% a 90% no estádio IV11. A
sensibilidade varia de acordo com a massa tumoral e o estadiamento clínico,
sendo de 88% a 96% na doença disseminada24.
Na fase inicial, apenas 23% dos casos apresentam
aumento deste marcador25. Aumento superior a 25% na concentração do CA 15.3
correlaciona-se com a progressão da doença em 80% a 90% dos casos, e a
diminuição em sua concentração está associada à regressão em 70% a 80%. Além
disso, níveis séricos muito elevados estão associados à pior sobrevida.
A grande utilização do CA 15.3 é para diagnóstico precoce
de recidiva, precedendo os sinais clínicos em até 13 meses.
Recomenda-se a realização de dosagens seriadas de
CA 15.3 no pré-tratamento, 2-4 semanas após tratamento cirúrgico e/ou início da
quimioterapia e repetição a cada 3-6 meses27.
Níveis elevados de CA 15.3 foram observados em várias
outras neoplasias, tais como: câncer de ovário, pulmão, colo uterino,
hepatocarcinoma e linfomas.
Níveis elevados de CA 15.3 são também observados em
várias outras doenças, tais como: hepatite crônica, tuberculose, sarcoidose e
lúpus eritematoso sistêmico.
Assim, devido à baixa especificidade e
sensibilidade, o CA 15.3 não é recomendado para diagnóstico. A ASCO considera
que, atualmente, não há dados suficientes para recomendar o CA 15.3 para rastreamento,
diagnóstico, estadiamento ou acompanhamento após tratamento primário do câncer de
mama.
CA 19.9
O CA 19.9 é um antígeno carboidrato de superfície celular,
com peso molecular variando de 200Kd a 1000Kd, sendo também conhecido como
antígeno de Lewis. É liberado na superfície da célula cancerosa e penetra na
corrente sangüínea, onde pode ser detectado.
Seu valor normal de referência é 37U/mL3,11. Este
marcador tumoral é indicado no auxílio ao estadiamento e à monitoração de
tratamento em primeira escolha de câncer de pâncreas e trato biliar e, em
segunda escolha, no câncer colorretal.
O CA 19.9 possui sensibilidade variável com a localização
do tumor: pâncreas 70% a 94%, vesícula biliar 60% a 79%, hepatocelular 30% a
50%, gástrico 40% a 60% e colorretal 30% a 40%. Em menor freqüência,
positiva-se também no câncer de mama, de pulmão e de cabeça e pescoço.
Algumas doenças como cirrose hepática, pancreatite,
doença inflamatória intestinal e doenças auto-imunes podem elevar o CA 19.9,
sem ultrapassar 120U/mL3.
No câncer de pâncreas, o CA 19.9 tem especificidade
de 81% a 94%, sendo utilizado no diagnóstico diferencial de câncer de pâncreas
e de pancreatite. Há um aumento de CA 19.9 em cerca de 99% dos casos de câncer
de pâncreas, enquanto nas pancreatites crônicas é 4% a 10% e nas pancreatites agudas,
23%29,30. Atualmente, parece ser um dos marcadores mais sensíveis e específicos
usados para o diagnóstico diferencial do câncer de pâncreas e de vesícula,
apresentando 79,4% de sensibilidade e 79,2% de especificidade quando maior do
que 20U/mL.
No momento, a maior aplicabilidade de uso do CA 19.9
é a de avaliar resposta à quimioterapia do câncer de pâncreas, já que a
utilização de métodos de imagem é bastante limitada para este fim. No tocante
ao câncer colorretal, dados atuais são insuficientes para recomendar o uso
rotineiro do CA 19.9 para rastreamento, diagnóstico e para monitorização do tratamento
de pacientes portadores desta neoplasia.
CA 27.29
O antígeno do câncer 27.29, à semelhança do CA 15.3,
também não tem sensibilidade e especificidade suficientes para ser utilizado
como um teste diagnóstico, tendo sido liberado pelo FDA para a detecção de
recorrência de câncer de mama.
Quando utilizado com este fim, possui sensibilidade
de 58% e especificidade de 98%, e seu valor de referência é até 38U/mL3. Então,
a indicação do CA 27.29 fica limitada ao seguimento de pacientes com
diagnóstico dessa neoplasia.
Sua maior vantagem é possibilitar a detecção
precoce de recorrências, permitido tempo suficiente para decisões terapêuticas
apropriadas, sendo considerado melhor do que o CA 15.3 para esta finalidade.
Este marcador apresenta também boa correspondência com o curso da doença
havendo, em geral, um paralelo entre sua concentração sérica e a atividade da
doença.
CAM 26 E CA M29
São membros de uma
família de glicoproteinas polimórficas mucin-like.
As
moléculas de adesão celular (CAMs) são glicoproteínas expressas na superfície
celular, onde medeiam o contato entre duas células (ambas homotípicas e
interações heterotípicas) ou entre células e a matriz extracelular. O processo
de adesão é essencial e ocorre em vários eventos biológicos como: morfogênese,
crescimento, organização e estabilidade teciduais, inflamação, resposta do
hospedeiro às infecções e injúria, cicatrização e resposta imunocelular.
As
CAMs funcionam ainda como moléculas sinalizadoras e têm participação essencial
na regulação da inflamação e resposta imune, como ocorre na asma. As CAMs são
responsáveis pela adesão intercelular, adesão celular ao epitélio e ao
endotélio, recrutamento e migração seletiva de células inflamatórias dos vasos
sangüíneos até o local da inflamação.
CONSIDERAÇÕES
Como já citado, não há nenhum marcador tumoral
perfeito, e, por isso, não devem ser usados para screening da presença de
neoplasias malignas.
O PSA é atualmente o único marcador aprovado pelo
FDA, em combinação com o toque retal para triagem para câncer de próstata. A
calcitonina pode ser usada como um teste de screening para câncer em famílias
de pacientes com carcinoma medular da tireóide.
Vários testes são eficazes no diagnóstico diferencial de tumores específicos. A
AFP e beta-HCG são úteis no diagnóstico diferencial de tumores de células
germinativas não-seminomas, quando utilizadas na colocação clínica apropriada.
O CA 125 é usado na avaliação de massas ovarianas, mas com reservas. Embora
CA125 tenha se mostrado elevado antes da descoberta clínica de câncer ovariano,
menos de 50% dos pacientes com doença inicial apresentam elevações nos níveis
de CA 125. Por outro lado, em mulheres na pré-menopausa, várias condições
benignas são associadas a elevações moderadas de CA 125.
Proteínas M detectadas por eletroforese de proteína
no soro não são úteis para screening para mieloma, porque só 50% dos pacientes
que apresentam proteína monoclonal têm mieloma múltiplo.
O diagnóstico, o prognóstico e a monitorização da
terapia dependem não só da descoberta de uma proteína monoclonal mas também da
caracterização do tipo de imunoglobulina. Pacientes com mieloma IgA apresentam
taxa de sobrevida significativamente reduzida e complicações mais severas da
doença do que os pacientes com mieloma IgG ou doença de cadeias leves.
Os marcadores tumorais citados têm aplicabilidade
na monitorização da progressão da doença ou da eficácia da terapia.
A freqüência da monitorização não é padrão, mas uma
freqüência apropriada deveria testar mensalmente no período pós-operatório,
durante os primeiros 6 meses, a cada 2 meses durante mais 6 meses,
trimestralmente durante o ano seguinte e 2 vezes ao ano nos anos subsequentes
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